Michèle Dubosc - Cronometrista

AUTOMOBILISMO – Durante o ano 1978 saíram no Jornal Volante uma série de magníficos artigos da autoria de José Vieira, pessoalmente acho-o o melhor jornalista da especialidade de sempre em Portugal, sobre os bastidores da formula 1, desde o desenhador de motores, passando pelo mecânico até à cronometrista, foram tratados com a merecida dignidade o que hoje muito pouco se vê. Ao reler estes artigos o que mais notei foi que este ano de 78 marca o período de transição de uma formula 1 mais artesanal, manual, humana,  para a era do profissionalismo, da informatização, da desumanização. Não sei se para o bem ou para o mal, isso cabe a cada um (para mim prefiro sem qualquer duvida a antiga formula 1) , mas este foi o ano da grande transição. E para prestar a minha homenagem por todos estes Homens e Mulheres , incluído o J. Vieira, que construíram e se dedicaram a este desporto que tanto gostamos vou transcrever  em seis posts algumas passagens, e começo por uma Srª, as senhoras sempre primeiro.

 

michele-dubosc

Cronometrista

«Concentração, rapidez de cálculo e perfeito conhecimento dos carros, são as principais exigências para ser cronometrista» afirma Michèle Dubosc.

 

“ Se perguntasse a alguém metido nestas coisas da fórmula 1, quem escolheria como símbolo dos cronometristas, penso que a resposta seria coincidente com a minha e com a de quase toda a gente. Michèle Dubosc.

Devo confessar que Michèle é uma das pessoas que mais admiro no “circo” da fórmula 1. Ao longo de uma carreira de dezoito anos impôs-se pela simpatia, pela competência e pela confiança que todos sentem nela. Durante os treinos ou no final deles, juntam-se à sua volta jornalistas, pilotos, chefes de equipa, procurando uma informação que a organização tardam em fornecer. A todos Michèle acolhe com simpatia.

Como se disse a sua carreira começou à dezoito anos, M. tinha um amigo que corria e resolveu ajudá-lo, fazendo a volta a volta e cronometragem. Três anos depois, em 1963, entrava para equipa Alpine como cronometrista e secretária do serviço de competição. Esteve dois anos na Alpine , ao fim dos quais se transferiu para a Matra, onde ainda se conserva. A Matra abandonou a competição em 1974 e a M. embora continuando na marca, foi convidada a ingressar na equipa Hesketh, para a qual trabalhava nos fins de semana de GP. è daí que vem a grande admiração de James Hunt por ela. Ainda hoje Hunt salta do seu carro e dirige-se rapidamente para o stand da Ligier para obter de M. a informação dos tempos por volta. Com o regresso da Matra à formula 1, fornecendo o motor à Ligier, Dubosc voltou a trabalhar para uma equipa Francesa. Em 1978 Michèle comete mesmo a façanha de trabalhar para duas equipas simultaneamente, a Ligier-Matra e a McLaren, por indicação de Hunt, pois claro.”

Parte do artigo saído no Jornal Volante assinado por José Vieira.

Este artigo tem algumas lacunas biográficas perfeitamente normais para época em que foi escrito, ver os artigos Mémoire des stands e GP Insider .

 

Na F1 Dubosc teve seu grande dia de fama quando os organizadores do GP de Long Beach nos EUA se perderam totalmente na cronometragem e ficaram sem como estabelecer a grelha de partida.  Bernie Ecclestone nem perdeu tempo, foi ver a Michèle e conferindo que ela tinha os tempos de todos os pilotos anotados na tabela, a mesma foi declarada oficial e grelha de partida determinada a partir da cronometragem única de Michèle Dubosc.

 

dubosc.thumbnail Michele Dubosc

15 de Abril de  1933 – 26 de Agosto de 2005

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