MINHAS MINIATURAS – AUTOMOBILISMO – A quarta edição da Carrera Panamérica foi a mais bem disputada e uma das mais belas vitórias do Lancia D24. A concorrência era severa, 179 concorrentes à partida, a prova tinha conquistado uma notoriedade mundial que só as Mille Miglia e as 24h de LeMans tinham alcançado até à data e era a derradeira etapa para o Campeonato do Mundo de Sport que apesar da ligeira vantagem da Ferrari a Lancia ainda mantinha as suas aspirações. Em relação aos inscritos nem a ausência da Mercedes, vencedora da edição anterior com o 300SL de Kling fez com que a Ferrari alinhasse quatro “berlinettas” 4,5L (Stagnoli, Ricci; Mancini e Maglioli), os “spiders” 340MM para os americanos Phill Hill e Luigi Chinetti, juntando-se ainda uns tantos 3 e 4L para pilotos locais.
De França, com o esforço dos jornais L`Equipe e L´Action Automobile e o patrocínio de algumas marcas francesas alinharam o Gordini-Dubonnet 3L de condução central para Behra, um outro Gordini 2,5L com as cores Pernod para Jean Lucas e o grande Talbot Lago 4,5L Bisquit para Louis Rosier, e ainda os não menos favoritos Jacques Péron em Osca, vencedor do Tour Auto nesse ano e Jean Trévoux no seu Packard muito especial. E quanto aos Lancia ? Bom, a armada Lancia foi gigantesca , três D24, Fangio, Tarruffi e Bonetto, três D23, Castellotti, Bracco, três camiões, um camião atelier, um avião, carros de reconhecimento, 28 pessoas (22 mecânicos) o director desportivo Attilio Pasquarelli certamente estava orgulhoso desta verdadeira armada, em 1953 é obra. Todos os pilotos Lancia estiveram de acordo em fazer a prova a solo, mas Gianni Lancia reservou o direito regulamentar de os acompanhar com um mecânico na fase final da corrida. Quanto à táctica era fácil, cada um por si…e fé em ….
À partida de Tuxla ninguém pensaria que a corrida fosse totalmente dominada pela Lancia tendo a primeira parte sido marcada pelo duelo, sim foi mesmo duelo, entre Taruffi e Bonetto com o sempre rápido mas mais consciente Fangio no seu ritmo e só U. Maglioli em Ferrari (ex piloto Lancia) conseguia manter a cadencia dos três primeiros. Na repartida da cidade do México somente 41 segundos separavam Bonetto de um Taruffi cada vez mais agressivo, Bonetto não era piloto que se deixasse intimidar, magnifico piloto, ( vencedor da prova disputada no Porto neste mesmo ano) este cinquentagenário que conduzia com o coração … e com o cachimbo entre os dentes (ver fotos no final) trava um verdadeiro duelo, na difícil estrada que liga México a Leon uma travagem falhada e F. Bonetto despista-se, Taruffi que o precedia despista-se também, ajudados pelas suas assistências voltam à pista, não são homens de vergar, a média continua pelos 220Km/h, coisa pouca, e à entrada da vila de Silao o drama, Bonetto a 230Km/h despista-se, quando Taruffi chega ao local nada há a fazer o Condotierre está morto. Maglioli ganha a etapa e Fangio assume o comando da prova, diria no fim da prova, perder um colega e continuar a dar o melhor de si mesmo era terrível.
Mas eram outros tempo, e Magliolli que tinha visto morrer os seus colegas de equipa Stagnoli-Scottuzi na primeira etapa, parte a grande velocidade para as últimas três etapas que viria a ganhar, percorrendo os 358 Km à média de 222,590Km/h, fantástico, mas mesmo com todo este esforço Magliolli classificou-se em 6º a 2h 05`28`` do Lancia de Fangio, primeiro classificado, em segundo chega Taruffi, que num esforço final consegue bater o seu colega de equipa Castellotti, o quarto lugar é ocupado por Mancini em Ferrari que com os respectivos dois pontos dá definitivamente o campeonato do mundo sport há Ferrari e em quinto classifica-se Rosier no Talbot. Neste ano de 1953 todos os recordes foram batidos pela armada Lancia e o D24 entra por mérito próprio par a galeria dos grandes carros de competição.
Felice Bonetto – 1903-1953
1ª Parte aqui - Lancia D24
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